Nem 1 ai
CD gravado por Mônica Salmaso em 2000 finalmente é lançado pela Biscoito Fino. Nem 1 Ai é um trabalho de grupo da cantora com Rodolfo Stroeter, Tutty Moreno, André Mehmari, Nailor Proveta e Toninho Ferragutti.
Há alguns anos, Mônica Salmaso declarou que poderia andar devagar, contanto que criasse um tijolinho em cima de outro tijolinho. No final, tinha certeza, teria uma casa. A cantora estava certa. Com um repertório sensível e muito bem trabalhado, sem nenhuma obviedade, foi conquistando público e crítica. Hoje é considerada uma das mais representativas vozes da nova geração da música popular. É com profundo orgulho que a Biscoito Fino lança o quinto CD de Mônica Salmaso, Nem 1 Ai, inédito desde 2000, ano de sua gravação, idealizado por ela e Rodolfo Stroeter, este também o produtor do trabalho.
A dobradinha Mônica/Stroeter vem lançando trabalhos memóraveis nos últimos anos. Só pela Biscoito Fino, dois inéditos: Iaiá e Noites de Gala, Samba na Rua, com músicas de Chico Buarque, e um relançamento: Trampolim (1998). O atual Nem 1 Ai, como conta Stroeter no encarte, nasceu de um convite do produtor musical Toy Lima à Mônica Salmaso para que montasse uma apresentação inédita para o Heineken Concerts, que aconteceu em São Paulo, em 2000.
Mônica aproveitou para dar seguimento a uma de suas características: parcerias com grandes instrumentistas de personalidade musical definida.
Ela lembra que o trabalho que faz, a maneira como entende que cantar é legal, tem a ver com a relação entre o cantor e os músicos. “Então aquela idéia que vem herdada dos crooners de orquestra, que o cantor é acompanhado pelos músicos, não é a minha. O que a gente faz é um diálogo igual. O cantor só tem a palavra que o diferencia, que o coloca em outro plano, talvez, porque ele tem a palavra. Mas ele está fazendo música com músicos, e isso é o legal”.
Assim foi feito no concerto sugerido por Toy Lima. Depois da apresentação, Mônica e os músicos: Nailor Proveta (sax e clarinete), André Mehmari (piano e teclados), Rodolfo Stroeter (baixo acústico), Tutty Moreno (bateria) e Toninho Ferragutti (acordeon) se reuniu num estúdio em duas sessões para gravar este CD. O repertório do show foi mantido, acrescido de Saudades dos aviões da Panair, Joana Francesa – ambas com arranjos de base de André Mehmari – e Tonada del Cabrestero, canção venezuelana de Simón Diaz.
No repertório do show original, também convivem compositores de diferentes épocas, estilos e regiões, como Guinga e Aldir Blanc, Tom Jobim e Vinicius de Moraes, Dorival Caymmi, Villa-Lobos e Dora Vasconcelos, J. Cascata, Monsueto Menezes e Arnaldo Passos, DP, Rodolfo Stroeter e Gilberto Gil, Milton Nascimento e Fernando Brant, Monsueto Menezes e Arnaldo Passos e Chico Buarque.
Texto do encarte
“Nem 1 ai” nasceu de um convite do produtor musical Toy Lima, para Mônica Salmaso no intuito de que se montasse uma apresentação inédita para o Heineken Concerts – em são paulo – em abril de 2000.
Além de sua apuradíssima musicalidade, uma das características de sua carreira tem sido – desde o início – as parcerias com grandes instrumentistas de personalidade musical definida, fazendo projetos onde estes sempre tem espaço para criar e colorir o trabalho.
Para esta noite inédita, pensamos no quarteto composto por Tutty Moreno, André Mehmari, Nailor “Proveta” e eu0, que havia gravado no ano de 1998 o cd de Tutty Moreno, “Forças d’Alma”. A concepção e a integração do quarteto resultante da gravação dirigida pelo baterista baiano nos pareceu ideal para compor a noite que Toy Lima havia sugerido.
Toninho Ferragutti foi também unanimidade imediata. A presença do acordeon e a capacidade criativa do grande músico, pareceu o nome certo para que o círculo se fechasse.
Depois da apresentação numa sexta-feira – na então casa de shows Tom Brasil – o grupo se reuniu na segunda-feira seguinte em duas sessões de gravação ao vivo para registro em estúdio.
“Nem 1 ai” é o resultado dessas sessões. Além das músicas que haviam sido tocadas no concerto, foram incluídas nas sessões de estúdio, “Saudades dos aviões da Panair”, ” Joana Francesa” – ambas com arranjos de base trazidos por André Mehmari – e a canção venezuelana de Simón Diaz, “Tonada del Cabrestero”.
Este rico e rápido encontro produziu a música aqui contida. O repertório gravado em “Nem 1 ai” jamais foi reproduzido após as gravações.
Mais do que tudo, a afinidade entre todos, o profundo senso de liberdade musical e ainda o conceito de construção/desconstrução estão presentes a cada compasso executado.
— Rodolfo Stroeter, março de 2008