Canto Sedutor
Há um Brasil profundo que brota da obra de Dori Caymmi e Mônica Salmaso. Pássaros, rios, mar, sertão, céu estrelado. Guimarães, Jobins, Arys, Caymmis, Pinheiros. Dos longínquos recônditos à poesia das cidades. O povo brasileiro. O amor à música. Em algum momento, o curso dessas águas haveria de se cruzar em um disco.
Assim nasceu ‘Canto Sedutor’, lançamento da Biscoito Fino, que reúne Mônica Salmaso e Dori Caymmi, autor de todas as canções, em parceria com Paulo César Pinheiro. Dori é definitivo sobre a ponte que os une: “É o Brasil. Nossa obra tem tradição, novidade, mas é sempre o Brasil”.
A ideia de realizar ‘Canto Sedutor’ foi gestada na pandemia, quando Mônica convidou Dori para participar de ‘Ô de Casas’, dividindo ‘História Antiga’. O resultado foi tão satisfatório que levou à realização de mais três números para a série. Era o impulso necessário para Mônica expressar seu desejo de realizar esse projeto.
“Ver nossas vozes juntas é um sonho meu antigo. A música do Dori é referência para algumas gerações de músicos e cantores. Eu, entre eles. Fiz esta proposta, de fazermos um disco juntos, com a condição de que ele cantasse também”, celebra Mônica. Convite aceito, a realização foi bastante rápida: as gravações ocorreram de 08 a 12 de outubro de 2021, em São Paulo, no estúdio Monteverdi.
O encontro de Dori e Mônica celebra a admiração mútua que nutrem um pelo outro. “Eu me sentiria muito feliz se alguém me reconhecesse como uma folha da árvore que é Dorival e Dori Caymmi. Dori é um mestre. Cada nota composta ou escrita em um arranjo está ali de forma certeira e sábia. Além disso, tem o violão completamente pessoal e a voz de pai e de terra. A música mora dentro dele e ele a oferece com imensa seriedade e beleza. Sou profundamente tocada por isso”, exalta Mônica. “O que realmente me instigou e vem acontecendo há algum tempo é a beleza do canto da Monica Salmaso. O que me chamou para esse tipo de trabalho é a maravilhosa cantora que ela é”, afirma Dori.
‘Canto Sedutor’ é uma declaração de amor ao país. “O Brasil que está na música do Dori é o que me emociona. É o Brasil que, neste momento, está mais quebrado e que, por este mesmo motivo, é imperativo cantá-lo e reafirmá-lo”, afirma Mônica.
“É um disco extremamente brasileiro. É esse Brasil que vem da tradição de uma música popular do nosso país. Nem bem música popular, mas música brasileira. Que vem da geração do Ary, do Noel, do Pixinguinha, que vem da Chiquinha Gonzaga, que vem de tanta gente. É o Brasil que eu sempre pensei e vou morrer pensando nele”, finaliza Dori.