Afro-Sambas

Em 1962, quando Vinícius de Moraes conheceu Baden Powell, formou uma das maiores parcerias da história da MPB. Entre tantas canções da dupla, Vinícius teve a ideia de compor uma obra maior, uma espécie de musical baseado na mitologia afro-baiana, onde os cantos e ritos dos orixás fossem contados através de sambas de roda, pontos de candomblé e toques de berimbau.

Na mesma época, Baden passou um tempo na Bahia escutando os cantares do candomblé e frequentando os terreiros e, quando voltou para o Rio de Janeiro, impregnado dos sons mágicos dos berimbaus, encontrou-se com Vinícius. Siderados com os encantos da misteriosa religião, os parceiros recomeçaram a compor dia e noite.

Com as caldeiras aquecidas do melhor uísque e as antenas voltadas para a Bahia nasceram os Afro Sambas: CONSOLAÇÃO, LABAREDA, TRISTEZA E SOLIDÃO, CANTO DE OSSANHA, CANTO DE XANGÔ, BOCOCHÊ, CANTO DE IEMANJÁ, TEMPO DE AMOR, CANTO DE PEDRA-PRETA, LAMENTO DE EXÚ E BERIMBAU nunca tinham sido gravadas integralmente num único registro .

Recriando uma obra que foi vanguarda na década de 60, o violão de Paulo Bellinati e o canto de Mônica Salmaso se unem na essência da música de Baden Powell e Vinícius de Moraes, resgatando, na íntegra, um momento fundamental da história da MPB de forma profundamente autoral e moderna

 

Texto do encarte

Não é fácil identificar música de vanguarda. Muitas vezes nos enganamos quando, estimulados pela aparência, consideramos vanguarda o que é apenas exótico, superficialmente diferente. O tempo logo se encarrega de varrer esse tipo de vanguarda do cenário.

Os Afro-Sambas de Baden e Vinícius foram realmente vanguarda na década de 60, quando misturaram Bossa Nova com um som mais africano, segundo Beth Carvalho.

Edu Lobo me falou que a influência desse som foi definitiva em sua obra. Francis Hime disse o mesmo e passamos algumas horas falando sobre isso. E vai por aí. Perguntem a Chico Buarque…

Quando ouvi Mônica Salmaso pela primeira vez senti que esses Afro-Sambas deveriam ser gravados pela sua voz. Achei que Baden gostaria de ouvir.

Pensei em Paulo Bellinati para os arranjos. Meu amigo Paulo Bellinati foi mais além, como é do seu costume.

Recriou e dividiu esse trabalho com Mônica, colocando seu violão perfeito `a disposição do universo musical de Baden, que só um violonista poderia entender, como já fizera com a obra do mestre Garoto.

Vinícius referia-se a Baden como um “duende encantado na floresta afro-brasileira”.

Paulo Bellinati e Mônica Salmaso convidam para uma viagem sem fim por esta floresta.

– Eduardo Gudin

Afro-Sambas Imprensa

MusiBrasil, Itália, 13 maio 2005. Parte 1.
O Debate, 13 mai 03.
O Globo, 12 mai 03.
Estado de Minas, 06 Mai 03.
Estado de Minas, 06 fev 03.
Estado de São Paulo, 06 fev 03.
Zero Hora, 05 fev 03.
Correio do Povo, 05 fev 03.
Estado de Minas, 23 jan 02.